Pesquisar neste blog

quarta-feira, 3 de abril de 2013

Vidas Secas - Vida do sertenejo


                                              
           


Dentre os muitos aspectos apresentados pela Região Nordeste o que mais se destaca é a seca, causada pela escassez de chuvas, proporcionando pobreza e fome. Como vemos no livro Vidas Secas, que mostra com bastante clareza tudo o que os sertanejos passam, chegando ate a sacrificar a vida de um animal de estimação para própria sobrevivência.
Entre muitos problemas que vemos no livro, o que mais nos chama atenção é ver o que um ser humano faz quando passa por situações difíceis, de tremenda pobreza. 
O autor soube expressar muito bem tudo aquilo que eles sofrem... 
Por fim, foi de imensa importância ler esse livro, pois pude constatar que tudo aquilo que imaginava ser fantasia ou coisa de filme realmente acontece e aprender a me preocupar com as pessoas.

Vidas Secas - Graciliano Ramos

                                                                 DESCRIÇÃO  
                           

Em ´Vidas Secas´, o autor se mostra mais humano, sentimental e compreensivo, acompanhando o pobre vaqueiro Fabiano e sua família com simpatia e uma compaixão indisfarçáveis. Além de ser o mais humano e comovente dos livros de ficção de Graciliano Ramos, ´Vida Secas´ é o que contém maior sentimento da terra nordestina, daquela parte que é áspera, dura e cruel, sem deixar de ser amada pelos que a ela estão ligados teluricamente. O que impulsiona os seres desta novela, o que lhes marca a fisionomia e os caracteres, é o fenômeno da seca. ´Vida Secas´ representa ainda uma evolução na obra de Graciliano Ramos quanto ao estilo e à qualidade estritamente literária. Esta nova edição teve como base a 2ª edição do romance, com as últimas correções feitas por Graciliano Ramos. Os originais estão no Fundo Graciliano Ramos, Arquivo do Instituto de Estudos Brasileiros da Universidade de São Paulo. Este projeto de reedição da obra de Graciliano Ramos é supervisionado por Wander Melo Miranda, professor titular de Teoria da Literatura da Universidade Federal de Minas Gerais. 

Imagem do sertão Nordestino.


terça-feira, 2 de abril de 2013

Prof. Roberto Sarmento fala sobre a obra Vidas Secas, de Graciliano Ramos

Roberto Sarmento Lima possui graduação em Letras pela Universidade Federal de Alagoas (1978), mestrado em Letras pela Universidade Federal de Alagoas (1992) e doutorado em Literatura Brasileira pela Universidade Federal de Alagoas (1998). Atualmente é professor associado 2 da Universidade Federal de Alagoas, onde ensina desde 1978. Tem experiência na área de Letras, com ênfase em Literatura Brasileira, atuando principalmente nos seguintes temas: narrativa, discurso, modernidade, poesia e linguagem. É coordenador o grupo de pesquisas Estudos Vieirianos.

Estudos Vieirianos

Descrição: Grupo de pesquisa liderado pelo prof. dr. José Niraldo de Farias, da Universidade Federal de Alagoas, do qual participam também a profª drª Ana Cláudia Aymoré Martins e alunos da graduação e da pós-graduação em letras. Sarmento ingressou no grupo em julho de 2007.
Situação: Em andamento; Natureza: Pesquisa.
Alunos envolvidos: Graduação ( 4) / Mestrado acadêmico ( 2) .
Integrantes: José Niraldo de Farias - Integrante / Ana Cláudia Aymoré Martins - Integrante / Roberto Sarmento Lima - Coordenador.
Financiador(es): Universidade Federal de Alagoas - Outra..

Em entrevista a Leonardo Campos*, o prof. Roberto Sarmento nos fala sobre a obra Vidas Secas, de Graciliano Ramos. Leia a seguir.

Leonardo Campos – Vidas Secas, de Graciliano Ramos, é um romance constante nas listas de vestibulares de todo o país. O que você acha disso? Seria o romance o modelo principal dessa visão do Nordeste?

Roberto Sarmento – Creio que a permanência ou a reincidência de um romance como Vidas secas em concursos, exames vestibulares e outras modalidades de seleção se devam a dois fatores, intimamente conexos. Primeiro, a comunicação direta que Graciliano Ramos estabelece com o leitor de qualquer época, com sua linguagem precisa e ao mesmo tempo envolvente, poética, sobre assunto considerado tão atual — senão a seca do Nordeste, ao menos a miséria em que vivem certas parcelas da população em alguns locais do planeta, não só do Brasil. Segundo, o interesse crítico continuamente despertado por essa obra, indo da leitura mais vinculada às posições da esquerda até chegar mesmo a uma visão neoliberalizante do problema. Com isso quero dizer que, utopias à parte, pode-se não ver saída, a não ser do ponto de vista do imaginário (a única saída permitida a tais personagens), para aquela família de retirantes, em uma existência francamente hostil, que recebe, no entanto, a simpatia de um narrador complacente, que, ainda assim, não abdica da visão de um sujeito que nunca teve de passar por aquela situação e por isso resguarda sua superioridade interpretativa.

LC – Graciliano Ramos se diferencia dos demais regionalistas por ser mais conciso, mais direto, aderindo menos às prolixidades de, digamos, José Lins do Rego. Concorda?

RS – Não creio que a diferença de Graciliano Ramos em relação a outros escritores da mesma época se prenda a uma capacidade maior ou menor de estender o tamanho da frase ou de evitar prolixidades, como você coloca. A diferença fundamental que vejo tem implicações com o estilo individual desse autor. Graciliano — mesmo falando do Nordeste e de situações locais e universais de opressão, retratando, como se diz vulgarmente por aí, a vida como ela é — envereda por discussões mais amplas tais como a própria construção estética, o papel da representação na literatura, o poder da metonímia e da metáfora em um texto literário, sua adequação e validade epistêmico-estilística. Isto é, em meio a enunciados claros sobre a vida oprimida e carente de soluções práticas, Graciliano Ramos é, acima de tudo, um pensador. Um pensador sobre estética, uma verdadeira fonte de sinais da compreensão da literatura na contemporaneidade. Isso eu não vejo, perdoem-me se eu estiver errado, nos outros autores do período. Pelo menos, com a intensidade e responsabilidade com que Graciliano pensou esses fatores da fatura estética.

LC – O que o senhor diria do romance Angústia, que representa uma forte carga psicológica e complexidade do autor, por muito tempo foi considerado como obra inferior ao que o escritor havia publicado?

RS – Graciliano Ramos, com charme, dizia que Angústia era um romance cheio de defeitos, de gordura a ser cortada e que não era, por isso tudo, um bom texto. Não sei se ele dizia isso com sinceridade. Finge-se sempre em arte, dentro da obra e fora dela também. Nunca saberemos a verdade sobre tal depoimento. Nem interessa isso ao crítico. Como crítico, pois, digo que Angústia é obra fundamental no conjunto dos textos de Graciliano e no conjunto da literatura brasileira de um modo geral. Um livro em que tempos narrativos se cruzam, mediados pela presença abundante de elementos ligados à água (a água que faz nascer, a água que mata e afoga). Vi tal simbologia e a estudei em um ensaio chamado "Angústia: um romance molhado", publicado em 2006, por ocasião da comemoração dos setenta anos de publicado. A água que falta em Vidas secas sobra em Angústia, romance urbano, cujo foco é uma personalidade torturada, a de Luís da Silva, que se movia ininterruptamente entre a lembrança do poço em que era mergulhado brutalmente pelo pai, e o quintal da casa de Maceió, onde se sentia melhor; entre a chuvinha fina que caía, a lama nas ruas, e a visão recorrente do homem que enchia de água as garrafas e a mulher que lavava as dornas; entre a água da lembrança da infância e a água que corria pelo cano do banheiro em que Marina tomava banho. Enfim, misturavam-se dor e sexo, tortura e desejo. A complexidade da trama fez aparecer tais ambiguidades e tais gorduras, como disse o próprio Graciliano; e, nesse sentido, não vejo por que cortar alguma coisa nesse romance. Não, não, decididamente não é uma obra inferior a nenhuma outra de Graciliano.

LC – O que acha da tradução intersemiótica de Vidas Secas?

RS – Como acontece com qualquer obra que passe por isso — tradução intersemiótica —, há perdas enormes e ganhos também. São realidades sígnicas diferentes demais, embora pareçam ao olhar do cidadão comum a mesma coisa. Mas não são. Como o cinema vai captar momentos da trama do romance que só podem ser sentidas pela palavra? No cinema ou na televisão, fica-se em geral com a fábula, como diz Tomachevski referindo-se à história que se conta, mas não se consegue traduzir, por mais competente que seja o diretor do filme ou da minissérie, a riqueza fundamental do livro, já que eu entendo que uma imagem não vale mil palavras. Cada coisa no seu lugar.

LC – Falando de cinema... você concorda que haja relação coerente entre "O Caminho das Nuvens", de Vicente Amorim, com "Vidas Secas", de Nelson Pereira dos Santos?

RS – Assisti a esse filme, "O caminho das nuvens", e, sinceramente, não vejo ali, até agora, uma possível evocação de "Vidas secas", nem o romance de Graciliano Ramos nem o filme dirigido por Nelson Pereira dos Santos. Trata-se de um filme em que um marido oportunista submete a família a certos vexames para não ter de trabalhar, uma família que foge (estes, sim, fugiram para o Sudeste) e que, ao final, mantém, sem sonhos, o cinismo anterior. Que semelhança pode haver com Vidas secas? Se o título do filme quis sugerir libertação, com a palavra “nuvens” no meio, só posso entender isso como ironia. Note-se que Graciliano jamais poria no título umas “nuvens” dessas, por extremo senso de realidade e de observação meticulosa da realidade que sempre o caracterizaram. Por isso sustento, como afirmei na primeira questão, que a sequidão do título Vidas secas se manteve do começo ao fim da narrativa. Por isso também é que os desejos de Fabiano e Sinha Vitória se expressam, na fala do narrador, por meio do futuro do pretérito, tal o respeito que o autor tinha pela realidade. Nem a ficção consegue subverter tal realidade. Lembro-me agora de Antonio Candido, que, em A personagem de ficção, afirmou que a literatura é mesmo muito tímida em relação à realidade que se toma por foco. Nesta acontecem coisas que Deus duvida. Na literatura, menos.

LC – Poderia comentar em poucas linhas a sua visão sobre Graciliano adaptado (cinema)?

RS – Como disse antes em relação à tradução intersemiótica da literatura pelo cinema, creio que Nelson Pereira dos Santos conseguiu bons resultados, tanto em "Vidas secas" quanto em "Memórias do cárcere". Resultados parciais, mas bons; no entanto, não chegam à altura dos livros transformados em filmes. Só tenho medo de que os alunos do ensino médio pensem que, assistindo a esses filmes, se sintam desobrigados de ler as obras. Assim, a prevalecer essa ideia, o cinema estaria promovendo um desserviço à literatura. E, na condição de filmes, eles têm de ser entendidos como filmes mesmo, dentro de uma avaliação teórico-crítica pertinente, sem deixar que o exame comparativo leve às conclusões por mim assumidas aqui.

LC – Certa vez escutei que, assim como o livro A Hora da estrela, de Clarice Lispector, o romance Vidas Secas seria uma obra que permitiria ligação mais coerente que tantos outros com outras linguagens, como a dança, cinema, pintura, teatro, novelas. O que o senhor diria disso? 

TA – Não saberia dizer isso com tanta certeza, já que nunca fiz tal reflexão. Mas, assim por cima, posso dizer que a literatura está aí, disponível a qualquer tradução intersemiótica. O romance Oliver Twist, de Charles Dickens, já passou por duas adaptações para o cinema, com música e dança. Dickens, se vivo, aprovaria ou acharia legal o que foi feito com seu livro? Quem vai saber? Uma vez publicada, qualquer obra pode ser qualquer coisa. Por isso não vejo em que A hora da estrela ou Vidas secas, nesse sentido de adaptação a outras linguagens e artes, sejam melhores do que, por exemplo, Mar morto, de Jorge Amado, que, por artes do demônio, também pode virar, digamos, um musical. Tudo é possível. Depois então é que poderemos avaliar se deu certo tal aventura.

Problemas enfrentados pelo sertão brasileiro.


Causas da Seca

As principais causas da seca do nordeste são naturais. A região está localizada numa área em que as chuvas ocorrem poucas vezes durante o ano. Esta área recebe pouca influência de massas de ar úmidas e frias vindas do sul. Logo, permanece durante muito tempo, no sertão nordestino, uma massa de ar quente e seca, não gerando precipitações pluviométricas (chuvas).

O desmatamento na região da Zona da Mata também contribui para o aumento da temperatura na região do sertão nordestino.

Características da região

- Baixo índice pluviométrico anual (pouca chuva);
- Baixa umidade;
- Clima semi-árido;
- Solo seco e rachado;
- Vegetação com presença de arbustos com galhos retorcidos e poucas folhas (caatinga);
- Temperaturas elevadas em grande parte do ano.

Seca, fome e miséria: um problema social

A seca, além de ser um problema climático, é uma situação que gera dificuldades sociais para as pessoas que habitam a região. Com a falta de água, torna-se difícil o desenvolvimento da agricultura e a criação de animais. Desta forma, a seca provoca a falta de recursos econômicos, gerando fome e miséria no sertão nordestino. Muitas vezes, as pessoas precisam andar durante horas, sob Sol e calor forte, para pegar água, muitas vezes suja e contaminada. Com uma alimentação precária e consumo de água de péssima qualidade, os habitantes do sertão nordestino acabam vítimas de muitas doenças.
O desemprego nesta região também é muito elevado, provocando o êxodo rural (saída das pessoas do campo em direção as cidades). Muitas habitantes fogem da seca em busca de melhores condições de vida nas cidades.
Estas regiões ficam na dependência de ações públicas assistencialistas que nem sempre funcionam e, mesmo quando funcionam, não gera condições para um desenvolvimento sustentável da região.

Ações para diminuir o impacto da seca

- Construções de cisternas, açudes e barragens;
- Investimentos em infra-estrutura na região;
- Distribuição de água através de carros-pipa em épocas de estiagem (situações de emergência);
- Implantação de um sistema de desenvolvimento sustentável na região, para que as pessoas não necessitem sempre de ações assistencialistas do governo;
- Incentivo público à agricultura adaptada ao clima e solo da região, com sistemas de irrigação.

Dicionário das expressões nordestinas.



A
A MIGUÉ- À toa, relaxado, largado, sem interesse
A PULSO - À força. Contra a vontade
ABESTADO - Otário. Tolo
ABESTALHADO - Otário. Tolo
ABILOLADO – Doido
ABIROBADO - Maluco.
ABISCOITADO - Maluco, desorientado.
ABUFELAR - Agarrar pela gola, agredir.
ABULETADO - Pessoa que ocupou um espaço tomou conta do
"pedaço" (fulano aboletou-se na casa de sicrana e não sai mais);
ABUTICADO – Pessoa espantada, com os olhos vidrados
(abuticados).
ACOITE – Chicote.
ACUNHAR - Chegar junto.
ADULAR - Agradar, bajular. Fazer a vontade de alguém
AFEIÇOADO - Pessoa bem aparentada (bonita, arrumada);
AFOLOZADO – Folgado, arrombado.
AGONIADO - Aflito, afobado, amargurado, angustiado, apressado,
indisposto.
AI DENTO - Resposta a qualquer provocação.
AJEGADO - Quem tem pênis grande.
ALDEOTA - e seguramente o maior bairro informal do País. Os
especuladores imobiliários passaram a chamar de Aldeota todo
bairro novo.
ALFININ - Espécie de rapadura.
ALPERCATA - Sandália de couro.
ALTEAR - Aumentar o volume do som. Subir algo.
ALUMIAR - Iluminar. Projetar luz sobre algo ou alguém.
AMANCEBADO - Amigado, aquele que vive maritalmente com outra.
AMARELO QUEIMADO - Cor laranja.
AMARRADO- Mesquinho.
AMOLEGAR - Apalpar ou apertar um corpo mole ou uma parte dele.
AMOSTRADO - Quem mostra que tem dinheiro ou poder.
ANDE TONHA! - Expressão popular que indica o ato sexual.
ANEL DE COURO – Ânus.
APERREAR - Encher o saco.
APETRECHADA - Dotada de beleza física.
APOIS - Expressão de concordância.
APOQUENTAR - Aborrecer, azucrinar, chatear.
APRAGATA – Alpercata.
APRUMADO - Arrumado, bem vestido, bonito, de bons modos.
APURRINHADO – Com raiva, puto.
ARENGA - Briga
ARIADO - Desnorteado
ARIAR A FIVELA - Dançar apertado, ralabucho.
ARRE EGUA! - Interjeição que pode significar qualquer coisa a
depender do tom de voz e da ocasião (alegria, irritação...).
ARRETADO – Bom, legal, perfeito.
ARRIBAR - Ir embora.
ARROCHADO – Valentão.
ARROTO DE CU - Peido.
ARRUDIAR - Dar a volta.
ÁS DE COPAS - Ânus. Cú.
ASSUSTADO - Baile caseiro programado pelos jovens na casa de
um deles; tertúlia.
ATAIAR - Atalhar. Ir por um caminho mais curto
ATARENTADO - Aperriado, desnorteado, perdido.
AVALIE - Imagine.
AVEXADO - Apressado.
AZOGADO – Virado na peste, puto, agoniado, brabo.
AZUADO - Alguém desligado.
AZULAR – Dar o fora.
B
BABÃO – Puxa saco, xeleléu.
BACURIM – Porco novo.
BAE DE CUIA - No jogo de futebol, corresponde a lençol.
BAITINGA - Tratamento informal entre velhos amigos, no sentido
pejorativo o mesmo que BAITOLA, depende da entonação da voz.
BAITOLA - Viado. (A palavra tem origem na construção da primeira
estrada de ferro do Ceará. O chefe da obra era um engenheiro
inglês, muito afetado, que repetia "atenção para a baitola" se
referindo a bitola (distância entre os trilhos).
BAIXA DA ÉGUA - Lugar distante.
BAIXAR O LOMBO Emagrecer.
BALAÇAR A TANAJURA - Dançar.
BALADEIRA – Estilingue.
BALAIO - Cesto feito de cipó ou palha, sem alça.
BALDEAR - Perturbar.
BALEADEIRA - Baladeira, atiradeira, bodoque, estilingue.
BAMBA - Cambaleante. Sem equilíbrio.
BANANA - Parte do boi conhecida no Sudeste do Brasil como
lagarto.
BANANA-PRATA - Banana-branca.
BANCA - Aula particular fora do curso regular. Reforço escolar
BANDA - Lado, parte lateral, pedaço.
BANGÜÊ - Caixa retangular com 4 cabos de madeira para transporte
de materiais de construção.
BANHO DE ASSEIO - Banho em que a pessoa lava apenas os
órgãos genitais.
BANHO SAPECADO - Banho rápido e incompleto.
BARNABÉ – Funcionário de prefeitura.
BARNEI - (bá) Pessoa nova no lugar.
BARRÃO - Porco novo usado como reprodutor.
BARREADO - Confuso, sem saber o que fazer ou o que dizer.
BASCULANTE - Vitrô.
BATATA-DO-REINO - Batata.
BATENTE - Obstáculo de madeira ou concreto construído no chão
para impedir que a água entre pela porta.
BATER A CAÇULETA - Morrer.
BATER FÔFO - Não cumprir um compromisso.
BATER SETE FREGUESIAS - Andar por vários lugares.
BATER UMA EM INTENÇÃO DE - Masturbar-se pensando
especificamente em alguém.
BATORÉ - Baixinho.
BEBER COM FARINHA - Ingerir bebida alcoólica demais.
BEBEU - (bébéu) Boneca de pano.
BEIÇO - Lábio
BEIJU - Biju. Guloseima feita com massa de mandioca. Há quatro
tipos: capeado (fino e seco), malcasado (mais consistente), molhado
e sarolho (seco, salgado e mais solto).
BEM-EMPREGADO - Bem-feito! Frase usada para dizer que o
castigo foi merecido.
BENÇA Pedido de benção.
BERADEIRO – Matuto, Tabaréu.
BEREU - Zona; baixo meretrício; cabaré.
BESTAR - Bobear.
BEXIGA - Coisa ruim.
BEXIGUENTO - Pessoa que não presta.
BEZERRO - Contração voluntária ou involuntária na vagina,
semelhante a um bezerro mamando.
BIBOCA - Beco ou lugar estranho. Lugar apertado, escondido,
estreito.
BICA - Calha, canal ou tubo em forma de meia cana para escorrer a
água.
BICADA - Dose normalmente de cachaça
BICHINHO - Forma carinhosa de chamar um animal ou uma pessoa
pequena ou querida.
BICO - Chupeta.
BIGU - Carona, condução gratuita.
BIJU - Beiju. Guloseima feita com massa de mandioca. Há quatro
tipos: capeado (fino e seco), malcasado (mais consistente), molhado
e sarolho (salgado, seco e solto).
BILA - Bola de gude.
BILOTO - Botão.
BIMBA - Pênis de criança. Pênis pouco desenvolvido.
BIQUEIRA - Calha para escorrer a água da chuva.
BIQUEIRO - Que come pouco.
BIRIMBELO – Qualquer coisa
BISCATEIRA - Prostituta.
BISNAGA - Pão comprido de forma cilíndrica e com as pontas finas.
BOCA DE SIRI – Caladinho, Na moita.
BOCA QUENTE - Lugar perigoso.
BOCA-BANCA - Atitude boçal.
BOCA-DE-SUBACO - Pessoa muito calada, bicho do mato.
BOCA-DE-TRAMELA - Pessoa que fala muito.
BOÇAL-BANQUISTA - Pessoa pedante.
BOCAPIO - 1. Sacola grande feita com palha. 2. Atraso na vida.
Pedir esmola.
BOCÓ - Bobo, tolo.
BODOSO - Bacana, arrumado.
BOGA - Ânus.
BOGAR - Surgimento de uma bolha na pele.
BOI - Menstro (A mulher tá de boi, menstruada).
BOLA DE ASSOPRO - Balão, bexiga. Bola de gás usada em
decorações de festas.
BOLA DE MARRAIA - Bola de marraio. Bola de gude. Bolinha de
vidro usada pelas crianças para brincar.
BOLA DE MARRAIO - Bola de gude. Bola de vidro usada pelas
crianças para brincar.
BOLACHA DE GOMA - Saquarema. Biscoito, achatado e seco, feito
com polvilho.
BOLACHÃO FOFO Biscoito feito com farinha de trigo, açúcar, sal e
margarina.
BOLACHÃO SECO - Biscoito feito com farinha de trigo, açúcar, sal,
margarina, leite de coco, canela em pó e cravo moído.
BOMBA DE BREU - Artefato pirotécnico usado nas festas juninas.
BORA - Vamos embora.
BOTAR - Colocar, pôr.
BOTAR BANCA - Considerar-se superior, exibir-se, vangloriar-se.
BOTAR CABRESTO - Controlar alguém.
BOTAR CANGA - Dominar, oprimir alguém.
BOTAR NO MATO - Descartar, jogar fora.
BOTAR QUENTE - Agir ou falar com firmeza.
BOYZINHA – Moça nova
BRANCHUR - "Filosofo" muito citado no Ceará.
BREADO - Melado, sujo.
BRECHAR - Espiar, espionar, espreitar.
BRECHEIRO - Indivíduo que observa pelo buraco da brecha, da
greta ou da fechadura.
BREFAIA - Bagulho, porcaria.
BREGA - Meretrício. Prostíbulo. Zona.
BREGUESSO (BREGUÉSSO) - Objeto sem valor.
BRENHA - Lugar longe de difícil acesso.
BRIBA - Pequena lagartixa.
BRIDE Brida, rédea. Ferro colocado na boca do animal.
BROCA DO ZUVIDO (bró) Pé do ouvido
BROCHA - Tachinha. Prego pequeno, de cabeça larga e chata,
usado para consertar calçados.
BRÔCO - Amalucado, abobalhado, desorientado, esclerosado.
BROCOIÓ - Pessoa boba, otário, demente.
BRONQUEIRO – Pessoa que gosta de confusão
BRUGUELO - Criança pequena.
BUCHA - Comida que alimenta pouco, mas pesa na barriga.
BUCHADA - Comida feita com intestinos de bode, cabrito, carneiro
ou ovelha.
BUCHO - Barriga. 2. Pessoa muito feia.
BUCHO CHEIO - Barriga com bebê 2. Barriga cheia de comida ou
bebida.
BUCHUDA - Gestante.
BUFA - Peido que não faz barulho.
BUJÃO – Niple (Plug). Peça de metal ou plástico usada bloquear a
boca do cano.
BULIDA - Mulher que perdeu a virgindade.
BULIR - Aborrecer, brincar, caçoar, incomodar. 2. Agitar, mexer,
tocar em algo.
BULIÇOSO - Pessoa que mexe em tudo (não passa um minuto sem
mudar o canal da televisão, a sintonia do rádio, etc.)
BUNDA CANASTRA – Maria escombona, Virar de ponta cabeça.
BUNDEIRA - Mulher que prefere o coito anal (dar a bunda).
BUNEQUEIRO - Quem bota boneco (ver "butar buneco").
BURACAJU - Apelido dado à cidade de Aracaju quando está com
muitas ruas esburacadas.
BURRINHO - Garrafa de Coca-Cola cheia de cachaça.
BUSCA-PÉ - Artefato pirotécnico, preso a uma pequena haste de
madeira que sai em ziguezague rente ao chão até estourar.
BUTAR BUNECO – Aprontar.
BUTICO – Ânus

C
CABARÉ - Prostíbulo ou confusão.
CABEÇA-DE-FRADE - Obstáculo de cimento em forma de meia bola
para impedir o trânsito.
CABEÇA-DE-PREGO - Furúnculo.
CABELUDO - Pão-doce feito com coco.
CABRA - Qualquer Indivíduo. Indivíduo destemido, provocador ou
valentão.
CABRA DA PESTE - Indivíduo destemido, provocador ou valentão.
CABRA SAFADO - Indivíduo de atitudes incorretas.
CABRA-MACHO - Indivíduo destemido, provocador ou valentão.
CABRUNCO - Carbúnculo. Coisa ruim.
CABRUNQUENTO - Coisa ou pessoa ruim.
CABUÊTA – Dedo duro.
CAÇADOR DE ANDRÓIDE - Indivíduo que tem relações sexuais com
homossexuais.
CACETE-ARMADO - Bar ou restaurante pequeno com pouco asseio
e de baixíssima qualidade.
CACETINHO Biscoito de forma cilíndrica como um dedo.
CACHADO Cacheado. Cabelo ondulado.
CACHETE (ché) Carretel com linha de costura. Retrós.
CACHIMBEIRA – Parteira
CAÇOAR Zombar.
CAÇUÁ Cesto grande feito de bambu, cipó ou vime usado no
transporte alimentos ou animais pequenos colocado no lombo de
animal de carga.
CAÇULA - Filho mais novo de uma família.
CACULO (ú) Prato com comida demais. Algo demasiadamente
cheio.
CACUMBI Grupo folclórico formado só por homens que dançam em
homenagem aos santos padroeiros dos negros, São Benedito e
Nossa Senhora do Rosário.
CACUNDA Costas, dorso.
CADEIRAS Quadris, quartos.
CAFUÇÚ - Pessoa desajeitada, mal vestida, mala.
CAFUNDÓS DO JUDAS - Lugar distante.
CAGADO - Sortudo.
CAGADO E CUSPIDO - Encarnado e esculpido. Idêntico, igual, muito
parecido.
CAI DE PAU – Quem acusa.
CAIPORA - Quem fuma muito.
CAIR CACAU - Chover.
CAIXA-DO-PEITO - Tórax. Cavidade torácica onde ficam os pulmões
e o coração.
CAIXÃO - Caixão 1. Batente. Peça de madeira onde a porta ou janela
se encaixa ao fechar. 2. Algo perigoso que pode causar algum
problema ou a morte.
CAIXA-PREGOS - Lugar afastado, distante, de acesso difícil.
CAJURANA - Homem vestido de mulher em festa pré-carnavalesca.
CALANGO - Lagarto pequeno, típico do Nordeste.
CALÇOLA - Calcinha.
CALIBRADO – Meio tonto.
CALIFOM - Sutiã.
CALOMBO - Inchaço na pele.
CALUNGA - Camundongo. Rato muito pequeno.
CAMBADA - Grupo de pessoas desprezíveis.
CAMBAIO - Que tem as pernas arqueadas para dentro.
CAMBALAFOICE - Amante, namorado.
CAMBÃO - Mulher feia.
CAMBAPÉ - Rasteira.
CAMBITO - Perna fina.
CAMBOTA – Pés separado (10 para 3).
CAMINHÃO DE FEIRA - Caminhão pau-de-arara. Caminhão coberto,
com bancos de madeiras longitudinais na carroceria usados para
transporte de pessoas.
CANECO – Copo pequeno.
CANELAU - gente pobre, plebe rude.
CANGA - Peça de madeira que une um grupo de bois para o
trabalho.
CANGACEIROS - Grupo folclórico que canta e dança representando
os cangaceiros.
CANGALHA - Suporte colocado no lombo dos animais para
transporte de carga.
CANGOTE – Nuca.
CANGUINHAS - Ávaro, mão-de-vaca, somítico.
CANJICA - Curau. Mingau com grãos pilados de milho que se come
cozido em água e sal ou com leite e açúcar.
CÃO CHUPANDO MANGA - Corajoso, competente, feio.
CAPA-DE-SELA Amante.
CAPÃO - Frango capado.
CAPAR O GATO - Ir embora, fugir.
CAPIONGO – Tristonho
CAPOTARIA - Oficina para conserto de estofados de carro.
CAPOTE - Casaco.
CAPUCHO (CO) - Sabugo. Espiga de milho sem os grãos.
CARÃO - Bronca, repreensão.
CARECER - Necessitar, precisar.
CARITÓ - Solteirona. Mulher que envelhece sem conseguir casar.
CARNE MOQUEADA - Carne defumada e salgada.
CARNE-DE-SOL - Carne de vaca, sem ossos, cortada em tiras ou
mantas, levemente salgada e seca ao sol. Não é prensada e é mais
avermelhada do que a carne-seca.
CARNE-SECA - Charque, jabá. Carne de vaca, sem ossos, salgada,
comprimida e seca ao sol em mantas. É menos avermelhada do que
a carne-de-sol.
CARRADA - Grande quantidade.
CARRAPICHO - Pão doce coberto com pequenos pedaços de coco.
CARREGADO - Pessoa complicada ou comida de difícil digestão.
CARREGO (Ê) - 1. Carga, frete. 2. Pilha elétrica.
CARREIRA - 1. Correria, corrida veloz. 2. Fila, fileira. trilha.
CARROCEIRO - Condutor de carroça puxada por cavalos.
CARTA - Habilitação. Carteira Nacional de Habilitação.
CARURU - Creme ou pasta feita com quiabo, camarão, castanha,
leite de coco, amendoim, peixe, azeite-de-dendê, pimenta, etc.
CASA-DA-PESTE - Lugar afastado, distante, de acesso difícil.
CASA-DE-ANDAR - Sobrado. Casa de dois ou mais pavimentos.
CASADINHO Biscoito pequeno recheado com goiabada.
CASA-DO-CHAPÉU Lugar muito distante ou desconhecido.
CASCUDO – Tapa na cabeça, cocorote.
CATABÍ - Buraco na estrada (Esta estrada está cheia de catabí)
CATABIL - 1 Buraco na pista. Acidente de terreno que origina o
solavanco de veículos 2. O solavanco ou choque produzido pelo
buraco na pista.
CATENGA - Lagartixa escura.
CATOTA – Meleca.
CATRAIA - 1. Mulher muito feia. 2. Prostituta.
CATREVAGE - Gente cafona (isso parece um galicismo).
CAVACO-CHINÊS - Em São Paulo é chamado de beiju ou biju.
Massa seca em forma de cilindro. O vendedor anuncia a sua
presença na rua com um triângulo de metal batendo numa madeira.
CAVILAÇÃO – Dengo; chorão.
CAVOUCAR - Cavar, escavar.
CERCAR LOURENÇO - Arrudiar, não ir direto ao assunto.
CEROTO - Sujeira preta na pele devido a falta de banho.
CHABOQUE - Tampo. "Chico deu uma topada que tirou o chaboque
do dedo".
CHABU - Falha na explosão de fogo de artifício.
CHÁ-DE-BURRO - Canjica. Mungunzá. Mingau de milho branco
cozido com leite de coco ou de vaca, temperado com sal e açúcar.
CHÃ-DE-DENTRO - Coxão mole. Carne da parte interior da coxa do
boi.
CHÃ-DE-FORA - Coxão duro. Carne da parte exterior da coxa do boi.
CHAPA - Radiografia; dentadura.
CHAPARIA - Funilaria, lanternagem.
CHAPEU DE TOURO - Chifre.
CHAPULETA – Cabeça do pau, Anel
CHAPULETADA - Porrada
CHAVE - Entrada, sinal. Primeiro pagamento na compra de um
imóvel.
CHEGA! CHEGA! - Venha rapidamente! Ajude-me!
CHEGANÇA - Dança que representa a luta travada pelos cristãos
para batismo dos mouros (turcos).
CHEI DOS PAU - Bêbado.
CHEIRADA - Quando o jogador não acerta a bola; furada.
CHIBATA - Coisa grande, pênis.
CHIBATADA- Pancada.
CHIBIU - Órgão genital feminino, buceta
CHICOTE - Bunda, nádegas.
CHINFRIM - Vagabundo, sem valor.
CHIRINGAR - Esguichar água ou outro líquido, jato de liquido.
CHOPARIA - Choperia. Local onde se serve chope.
CHUCHAR - Cutucar, pulsar.
CHULIPA - Tapa na orelha com um dedo no sentido vertical.
CHUMBADO – Bêbado, doente.
CHUPÃO - Cabra que gosta de chupar pau.
CHUPETA - Menino chorão.
CHUVA DE PEDRA Chuva de granizo.
CHUVINHA Chuva de prata. Chuva pirotécnica. Um tipo de artefato
pirotécnico.
CIBAZOL - Coisa sem valor. "Não vale um cibazol".
CIENTÍFICO - Colegial. Ensino Médio. Segundo Grau.
CISTERNA - Reservatório de água das chuvas.
COBRINHA - Um tipo de artefato pirotécnico.
COCADA-DE-AMENDOIM - Pé de moleque. Doce duro, feito com
açúcar e amendoim torrado.
COCÓ - Tocaia.
COCOREU - Confusão, rolo.
COCOROTE – Tabefe, cascudo.
COITÉ - Cabaça. Cuia.
COITEIRO - Aquele que protege ou esconde criminosos ou
namorados.
COMBINADO - Em parceria.
COMBROGÓ - Cobogó. Elemento vazado de cerâmica, cimento ou
vidro, usado na construção de paredes com entrada para luz e
ventilação.
COMER ÁGUA - Tomar cachaça (Expressão muito usada na Bahia).
COMO O QUÊ Demais. Ex Você fala como o quê!
COMO TATU, SÓ TEM O CASCO E O CU! - Sem nada, sem
patrimônio, pobre.
CONCHO Confiante em si, vaidoso.
CORDÃO CHEIROSO Fio de barbante impregnado com um produto
que exala um cheiro desagradável ao ser queimado.
CORRALINDA - Coisa linda, pessoa bonita.
CORRER FROUXO - Ter em abundância. "Ali o dinheiro corre
frouxo".
CORRIDO - Apressado, expulso.
CORTINADO – Mosquiteiro. Cortina ou rede fina colocada em volta
da cama para proteger dos mosquitos.
CORUJA - Pipa, papagaio
COTÔCO – Pedaço, ponta
COURO DE PICA - Algo que vai e volta. "Esse namoro e que nem
couro de pica".
CRANCO - Cancro. Coisa ou pessoa ruim.
CRICRI – Chato, Insistente, Pentelho.
CRUZETA - Cabide para camisas e calcas. Também pode ser
pessoa enrolada, complicada.
CÚ DE CANA - Cachaceiro.
CUBAR – Olhar demais.
CUCURUTO – Topo da cabeça.
CU-DE-BOI - Briga. Conflito.
CU-DE-NOVELO - Pessoa que tem a bunda murcha.
CUIA - Cabaça.
CUMÉ? - Como é?
CUMEEIRA - Telha em forma de meia cana usada nas partes mais
altas (cumes) ou nos vértices dos telhados.
CUMELÃO - Garanhão.
CUNHÃ – Neguinha
CUNHÃO - Corajoso
CURUBAU - Ver Canelau.
CURURU - Sapo grande.
CUSTAR - Demorar. "O ônibus esta custando muito".
CUSTOSO - 1. Algo demorado. 2.Criança manhosa.


I
IAPÔE – É mesmo?
INCENÇAR – Feder (peido no ambiente)
INCOMODADA - Menstruada.
INFELIZ DA COSTELA OCA - Sujeito chato, enjoado.
INGEMBRADO - Torto.
INHACA - Mal cheiro do sovaco.
INTEIRAR - Completar.
INVOCADO – Tá com raiva, (Também pode ser uma pessoa
estranha)
ISPILICUTE - Do inglês "She's pretty cute". Engraçadinha.
ISPRITADO - Enfurecido.
ISTRIPULIA - Travessura
ISTRUIR - Desperdiçar.

T
TÁ CA PESTE – Eita porra, Tá danado
TÁ COM A BEXIGA - Está agitado ou irritado.
TÁ COM A GOTA-SERENA - Está agitado ou irritado.
TÁ COM A MOLÉSTIA - Está agitado ou irritado.
TÁ COM A PESTE - Está agitado ou irritado.
TÁ DE FOGO – Embriagado, melado
TÁ DE MATAR O GUARDA – Tá legal, gostoso (“Essa comida tá de
matar o guarda”)
TÁ DE ROSCA - Coisa difícil, demorada
TABACO - Genital feminino (buceta)
TABARÉU - Homem tímido ou de hábitos rústicos.
TABAROA - Mulher tímida ou de hábitos rústicos.
TABICA – Pão tipo bengala
TABOCA - 1.Bambu. 2. Decepção, negativa, recusa.
TABORETE DE FORRÓ – Cara baixinho
TAIEIRA - Manifestação folclórica que mescla catolicismo com
crenças afro-brasileiras.
TALAGADA - Porção de bebida que se toma de uma vez.
TALISCA - Grade da cama que sustenta o colchão.
TAMBORETE - Banco de madeira bem pequeno e baixo.
TAMBORETE-DE-CABARÉ - Pessoa de baixa estatura.
TAMBORETE-DE-PUTA - Pessoa de baixa estatura.
TAMPO - Pedaço de pele cortada ou quase solta do corpo.
TANGER - (tanjêr) 1. Espantar, expulsar. 2. Dar impulso.
TANQUE - Caixa d’água. Buraco cavado no chão para estocar água.
TAPEAR - Enganar.
TARECO - Mentirinha. Biscoito redondo (3 cm) feito com farinha de
trigo, açúcar, ovos e baunilha.
TAREFA - Unidade de área. Em Sergipe equivale a 3.052 metros
quadrados.
TARIMBA - Cama desconfortável, rude, simples, feita com varas.
TEIÚ - Pequeno lagarto verde, com manchas negras.
TEM É ZÉ - E muito difícil. "Tu ganhar de mim na sinuca? Tem E ZE
TEMPO DO RONCA Tempo antigo.
TER CABEÇA-DE-ANJO Ter problema sem solução devido à
presença de um fantasma de criança.
TERMO - Área, cidade, distrito, região.
TERREIRO - Quintal de fazenda ou sítio.
TESAR - Teimar.
TESTE - Exame ou prova escolar.
TIBUNGAR – Dar megulho
TIQUIM – Coisa pouca
TIRAR A HONRA - Deflorar. Desvirginar.
TIRAR O COURO - Explorar ou maltratar ou alguém.
TIRINÊTE - Movimentação, ocupação, sobre carregado (Fulano está
no maior tirinête)
TITELA - Peito.
TOBA - Ânus.
TOCAR A BOMBA - Falar mal de alguém.
TOCO DE AMARRAR JEGUE - Pessoa de baixa estatura.
TOLETE - Cocô em forma cilíndrica.
TOLOQUINHO - Cocô em forma cilíndrica.
TOMAR PRUMO - Se corrigir, se corrigir.
TOMAR TENÊNCIA - Tomar jeito.
TOPAR - Tropeçar. Tocar ou chocar-se com algo ou alguém.
TORAR - Arrebentar, despedaçar, estourar, explodir, quebrar com
força, romper.



X
XELELÉU – Puxa saco
XEPEIRO - 1. Indivíduo que vive pedindo as coisas. 2. Que vive
recursos alheios. 3 Que vai aos locais sem ser convidado.
XERECA - Genital feminino, (buceta)
XERÉM - Resíduo do milho que, após pilado e peneirado, permanece
na peneira. É servido para as galinhas.
XEXEIRO - (xêi) Caloteiro. Mal pagador.
XEXÉU Indivíduo com o cabelo arrepiado.
XEXO - (ê) Seixo. Calotear. Não pagar a prostituta.
XIBIU - (bí) Vagina.
XIBIU DE APITO - Objeto ou pessoa que faz muito barulho.
XIMÃO - Indivíduo que olha demais para a comida de outra pessoa
ou para quem está comendo.
XIMAR - Olhar demais para a comida de outra pessoa ou para quem
está comendo.
XIMONA - Mulher que olha demais para a comida de outra pessoa ou
para quem está comendo.
XOTAR - enxotar, expulsar, mandar embora.
XÔXO - Franzino, miúdo.
XOXOTA – Mesmo que xereca.
XUMBREGAR - Trocar carícias íntimas. "Se amassar".


Se quiser saber mas palavras e expressões Nordestinas:http://culturanordestina.blogspot.com.br/2007/11/dicionario-nordestino.html

Tudo sobre o livro "Vidas Secas"

RESUMO DA OBRA

Em meio à paisagem hostil do sertão nordestino, quatro pessoas e uma cachorrinha se arrastam numa peregrinação silenciosa. O menino mais velho, exausto da caminhada sem fim, deita-se no chão, incapaz de prosseguir, o que irrita Fabiano, seu pai, que lhe  dá estocadas com a faca no intuito de fazê-lo levantar. Compadecido da situação do pequeno, o pai toma-o nos braços e carrega-o, tornando a viagem ainda mais modorrenta -  A cadela Baleia acompanha o grupo de humanos agora sem a companhia do outro animal da família, um papagaio, que fora sacrificado na véspera a fim de aplacar a fome que se abatia sobre aquelas pessoas. Na verdade, era um papagaio estranho, que pouco falava, talvez porque convivesse com gente que também falava pouco .
Errando por caminhos incertos, Fabiano e família encontram uma fazenda completamente abandonada. Surge a intenção de se fixar por ali. Baleia aparece com um preá entre os dentes, causando grande alegria aos seus donos. Haveria comida. Descendo ao bebedouro dos animais, em meio à lama, Fabiano consegue água. Há uma alegria em seu coração, novos ventos parecem soprar para a sua família. Pensa em Seu Tomás da bolandeira.  Pensa na mulher e nos filhos.
A inesperada caça é preparada, o que garante um rápido momento de felicidade ao grupo. No céu, já escuro, uma nuvem - sempre um sinal de esperança. Fabiano deseja estabelecer-se naquela fazenda. Será o dono dela. A vida melhorará para todos _ .
Fabiano  
Em vão Fabiano procura por uma raposa. Apesar do fracasso da empreitada, ele está satisfeito. Pensa na situação da família, errante, passando fome, quando da chegada àquela fazenda. Estavam bem agora _ _ . Fabiano se orgulha de vencer as dificuldades tal qual um bicho. Agora ele era um vaqueiro, apesar de não ter um lugar próprio para morar. A fazenda aparentemente abandonada tinha um dono, que logo aparecera e reclamara a posse do local. A solução foi ficar por ali mesmo, servindo ao patrão, tomando conta do local. Na verdade, era uma situação triste, típica de quem não tem nada e vive errante.  Sentiu-se novamente um animal, agora com uma conotação negativa. Pouco falava, admirava e tentava imitar a fala difícil das pessoas da cidade. Era um bicho _ .
A uma pergunta de um dos filhos, Fabiano irrita-se. Para que perguntar as coisas? Conversaria com Sinha Vitória sobre isso. Essas coisas de pensamento não levavam a nada. Seu Tomás da bolandeira, apesar de admirado por Fabiano pelas suas palavras difíceis, não acabara como todo mundo? As palavras, as idéias, seduziam e cansavam Fabiano.
Pensou na brutalidade do patrão, a tratá-lo como um traste. Pensou em Sinha Vitória e seu desejo de possuir uma cama igual à de Seu Tomás da bolandeira. Eles não poderiam ter esse luxo, cambembes que eram. Sentiu-se confuso. Era um forte ou um fraco, um homem ou um bicho _ ? Sentia, por vezes, ímpeto de lutador e fraqueza de derrotado.
Lembrando dos meninos, novamente, achou que, quando as coisas melhorassem, eles poderiam se dar ao luxo daquelas coisas de pensar. Por ora, importante era sobreviver. Enquanto as coisas não melhorassem, falaria com Sinha Vitória sobre a educação dos pequenos.
Cadeia
Fabiano vai à feira comprar mantimentos, querosene e um corte de chita vermelha. Injuriado com a qualidade do querosene e com o preço da chita, resolve beber um pouco de pinga  na bodega de seu Inácio. Nisso, um soldado amarelo convida-o para um jogo de cartas. Os dois acabam perdendo, o que irrita o soldado, que provoca Fabiano quando esse está de partida. A idéia do jogo havia sido desastrosa. Perdera dinheiro, não levaria para casa o prometido. Fabiano, agora, pensava em como enganar Sinha Vitória, mas a dificuldade de engendrar um plano o atormentava.
O soldado, provocador, encara o vaqueiro e barra-lhe a passagem. Pisa no pé de Fabiano que, tentando contornar a situação à sua maneira, agüenta os insultos até o possível, terminando por xingar a mãe do soldado amarelo. Destacamento à sua volta. Cadeia. Fabiano é empurrado, humilhado publicamente.
No xadrez, pensa por que havia acontecido tudo aquilo com ele. Não fizera nada, se quisesse até bateria no mirrado amarelo, mas ficara quieto. Em meio a rudes indagações, enfureceu-se, acalmou-se, protestou inocência _ . Amolou-se com o bêbado e com a quenga que estavam em outra cela. Pensou na família. Se não fosse Sinha Vitória e as crianças, já teria feito uma besteira por ali mesmo. Quando deixaria que um soldadinho daqueles o humilhasse tanto? Arquitetou vinganças, gritou com os outros presos e, no meio de sua incompreensão com os fatos, sentiu a família como um peso a carregar _ .
Sinha Vitória
Naquele dia, Sinha Vitória amanhecera brava. A noite mal dormida na cama de varas era o motivo de sua zanga. Falara pela manhã, mais uma vez, com Fabiano sobre a dificuldade de dormir naquela cama. Queria uma cama de lastro de couro, como a de Seu Tomás da bolandeira, como a de pessoas normais.
Havia um ano que discutia com o marido a necessidade de uma cama decente e, em meio a uma briga por causa das "extravagâncias" de cada um, Sinha Vitória certa vez ouviu Fabiano dizer-lhe que ela ficava ridícula naqueles sapatos de verniz, caminhando como um papagaio, trôpega, manca. A comparação machucou-a _ .
Agora, ela irritava-se com o ronco de Fabiano ao lembrar-se de suas palavras. Circulando pela casa, fazia suas tarefas em meio a reza e a atenção ao que acontecia lá fora. Por pensar ainda na cama e na comparação maldosa de Fabiano, quase esqueceu de pôr água na comida. Veio-lhe a lembrança do bebedouro em que só havia lama. Medo da seca. Olhou de novo para seus pés e inevitavelmente achou Fabiano mau _ . Pensou no papagaio e sentiu pena dele _ .
Lá fora, os meninos brincavam em meio à sujeira. Dentro de casa, Fabiano roncava forte, seguro, o que indicava a Sinha Vitória que não deveria haver perigo algum por ali. A seca deveria estar longe _ . As coisas, agora, pareciam mais estáveis, apesar de toda a dificuldade. Lembrou-se de como haviam sofrido em suas andanças. Só faltava uma cama. No fundo, até mesmo Fabiano queria uma cama nova.
O Menino mais novo 
A imagem altiva do pai foi que lhe fez surgir a idéia. Fabiano, armado como vaqueiro, domava a égua brava com o auxílio de Sinha Vitória. O espetáculo grosseiro excitava o menor dos garotos, impressionado com a façanha do pai e disposto a fazer algo que também impressionasse o irmão mais velho e a cachorra Baleia _ . No dia seguinte, acordou disposto a imitar a façanha do pai. Para tanto, quis comunicar a intenção ao mano, mas evitou, com medo de ser ridicularizado.
Quando as cabras foram ao bebedouro, levadas pelo menino mais velho e por Baleia,  o pequeno tomou o bode como alvo de sua ação. Sentia-se altivo como Fabiano quando montava. No bebedouro, o garoto despencou da ribanceira sobre o animal, que o repeliu. Insistente, tentou se aprumar mas foi sacudido impiedosamente, praticando um involuntário salto mortal que o deixou, tonto, estatelado ao chão. O irmão mais velho ria sem parar do ridículo espetáculo, Baleia parecia desaprovar toda aquela loucura _ . Fatalmente seria repreendido pelos pais. Retirou-se humilhado, alimentando a raivosa certeza de que seria grande, usaria roupas de vaqueiro, fumaria cigarros e faria coisas que deixariam Baleia e o irmão admirados.
O Menino mais velho
Aquela palavra tinha chamado a sua atenção: inferno. Perguntou à Sinha Vitória, vaga na resposta. Perguntou a Fabiano, que o ignorou. Na volta à Sinha Vitória, indagou se ela já tinha visto o inferno. Levou um cascudo e fugiu indignado. Baleia fez-lhe companhia tentando alegrá-lo naquela hora difícil.
Decidiu contar à cachorrinha uma história, mas o seu vocabulário era muito restrito, quase igual ao do papagaio que morrera na viagem _ . Só Baleia era sua amiga naquele momento. Por que tanta zanga com uma palavra tão bonita ? A culpa era de Sinha Terta, que usara aquela palavra na véspera, maravilhando o ouvido atento do garoto mais velho.
Olhou para o céu e sentiu-se melancólico. Como poderiam existir estrelas? Pensou novamente no inferno. Deveria ser, sim, um lugar ruim e perigoso, cheio de jararacas e pessoas levando cascudos e pancadas com a bainha da faca _ . Sempre intrigado, abraçou-se à Baleia como refúgio _ .
Inverno
A chuva dava à família a certeza de que a seca não chegaria por enquanto. Isso alegrava Fabiano. Sinha Vitória, porém, temia por uma inundação que os fizesse subir ao morro, novamente errantes. A água, lá fora, ampliava sua invasão.Todos estavam reunidos em volta do fogo, procurando aplacar o frio causado pelo vento e pela água que agitava a paisagem fora da casa. Chegara o inverno, e isso reunia a família próxima à fogueira. Pai e mãe conversavam daquele jeito de sempre, estranho, e os meninos, deitados, ficavam ouvindo as histórias inventadas por Fabiano, de feitos que ele nunca tinha realizado, aventuras nunca vividas. Quando o mais velho levantou-se para buscar mais lenha, foi repreendido severamente pelo pai, aborrecido pela interrupção de sua narrativa.
Fabiano empolgava-se mais ainda em contar suas façanhas _ . A chuva tinha vindo em boa hora. Após a humilhação na cidade, decidira que, com a chegada da seca, abandonaria a família e partiria para a vingança contra o soldado amarelo e demais autoridades que lhe atravessassem o caminho. A chegada das águas interrompera aqueles planos sinistros. Em meio à narrativa empolgada, Fabiano imaginava que as coisas melhorariam a partir dali; quem sabe, Sinha Vitória até pudesse ter a cama tão desejada.
Para o filho mais novo, o escuro e as sombras geradas pela fogueira faziam da imagem do pai algo grotesco, exagerado. Para o mais velho, a alteração feita por Fabiano na história que contava era motivo de desconfiança. Algo não cheirava bem naquele enredo _ . Sempre pensativo, o menino mais velho dormiu pensando na falha do pai e nos sapos que estariam lá fora, no frio.
Baleia, incomodada com a arenga de Fabiano, procurava sossego naquela paisagem interior. Queria dormir em paz, ouvindo o barulho de fora _ .
Festa
A família foi à festa de Natal na cidade. Todos vestidos com suas melhores roupas, num traje pouco comum às suas figuras, o que lhes dava um ar ridículo. A caminhada longa tornava-se ainda mais cansativa por causa daquelas roupas e sapatos apertados. O mal-estar era geral, até que Fabiano cansou-se da situação e tirou os sapatos, metendo as meias no bolso, livrando-se ainda do paletó e da gravata que o sufocava. Os demais fizeram o mesmo. Voltaram ao seu natural. Baleia juntou-se ao grupo _ .
Chegando à cidade, foram todos lavar-se à beira de um riacho antes de se integrarem à festa. Sinha Vitória carregava um guarda-chuva. Fabiano marchava teso. Os meninos maravilham-se, assustados, com tantas luzes e gente. A igreja, com as imagens nos altares, encantou-os mais ainda. O pai espremia-se no meio da multidão, sentindo-se cercado de inimigos. Sentia-se mangado por aquelas pessoas que o viam em trajes estranhos à sua bruta feição. Ninguém na cidade era bom. Lembrou-se da humilhação imposta pelo soldado amarelo quando estivera pela última vez na cidade.
A família saiu da igreja e foi ver o carrossel e as barracas de jogos. Como Sinha Vitória negou-lhe uma aposta no bozó, Fabiano afastou-se da família e foi beber pinga _ . Embriagando-se, foi ficando valente. Imaginava, com raiva, por onde andava o soldado amarelo. Queria esganá-lo. No meio da multidão, gritava, provocava um inimigo imaginário _ . Queria bater em alguém, poderia matar se fosse o caso _ . Vez ou outra, interrompia suas imprecações para uma confusa reflexão. Cansado do seu próprio teatro, Fabiano deitou no chão, fez das suas roupas um travesseiro e dormiu pesadamente.
Sinha Vitória, aflita, tinha que olhar os meninos, não podia deixar o marido naquele estado. Tomando coragem para realizar o que mais queria naquele momento, discretamente esgueirou-se para uma esquina e ali mesmo urinou. Em seguida, para completar o momento de satisfação, pitou num cachimbo de barro pensando numa cama igual à de seu Tomas da bolandeira .
Os meninos também estavam aflitos. Baleia sumira na confusão de pessoas, e o medo de que ela se perdesse e não mais voltasse era grande. Para alívio dos pequenos, a cachorrinha surge de repente e acaba com a tensão. Restava, agora, aos pequenos, o maravilhamento com tudo de novo que viam. O menor perguntou ao mais velho se tudo aquilo tinha sido feito por gente. A dúvida do maior era se todas aquelas coisas teriam nome. Como os homens poderiam guardar tantas palavras para nomear as coisas _ ?
Distante de tudo, Fabiano roncava e sonhava com soldados amarelos.
Baleia
Pêlos caídos, feridas na boca e inchaço nos beiços debilitaram Baleia de tal modo que Fabiano achou que ela estivesse com raiva. Resolveu sacrificá-la. Sinha Vitória recolheu os meninos, desconfiados,  a fim de evitar-lhes a cena.
Baleia era considerada como um membro da família, por isso os meninos protestaram, tentando sair ao terreiro para impedir a trágica atitude do pai. Sinha Vitória lutava com os pequenos, porque aquilo era necessário, mas aos primeiros movimentos do marido para a execução, lamentou o fato de que ele não tivesse esperado mais para confirmar a doença da cachorrinha.
Ao primeiro tiro, que pegou o traseiro da cachorra e inutilizou-lhe uma perna, as crianças começaram a chorar desesperadamente.
Começou, lá fora, o jogo estratégico da caça e do caçador. Baleia sentia o fim próximo, tentava esconder-se e até desejou morder Fabiano. Um nevoeiro turvava a visão da cachorrinha, havia um cheiro bom de preás. Em meio à agonia, tinha raiva de Fabiano, mas também o via como o companheiro de muito tempo. A vigilância às cabras, Fabiano, Sinha Vitória e as crianças surgiam à Baleia em meio a uma inundação de preás que invadiam a cozinha _ . Dores e arrepios. Sono. A morte estava chegando para Baleia. 
Contas
Fabiano retirava para si parte do que rendiam os cabritos e os bezerros. Na hora de fazer o acerto de contas com o patrão, sempre tinha a sensação de que havia sido enganado. Ao longo do tempo, com a produção escassa, não conseguia dinheiro e endividava-se.
Naquele dia, mais uma vez Fabiano pedira a Sinha Vitória para que ela fizesse as contas. O patrão, novamente, mostrou-lhe outros números. Os juros causavam a diferença, explicava o outro. Fabiano reclamou, havia engano, sim senhor, e aí foi o patrão quem estrilou. Se ele desconfiava, que fosse procurar outro emprego. Submisso, Fabiano pediu desculpas e saiu arrasado, pensando mesmo que Sinha Vitória era quem errara.
Na rua, voltou-lhe a raiva. Lembrou-se do dia em que fora vender um porco na cidade e o fiscal da prefeitura exigira o pagamento do imposto sobre a venda. Fabiano desconversou e disse que não iria mais vender o animal. Foi a uma outra rua negociar e, pego em flagrante, decidiu nunca mais criar porcos _ .
Pensou na dificuldade de sua vida. Bom seria se pudesse largar aquela exploração. Mas não podia! Seu destino era trabalhar para os outros, assim como fora com seu pai e seu avô.
As notas em sua mão impressionavam-no. "Juros", palavra difícil que os homens usavam quando queriam enganar os outros. Era sempre assim: bastavam palavras difíceis para lograr os menos espertos. Contou e recontou o dinheiro com raiva de todas aquelas pessoas da cidade. Sinha Vitória é que entendia seus pensamentos.
Teve vontade de entrar na bodega de seu Inácio e tomar uma pinga. Lembrou-se da humilhação passada ali mesmo e decidiu ir para casa. o céu, várias estrelas. Deixou de lado a lembrança dos inimigos e pensou na família. Sentiu dó da cachorra Baleia. Ela era um membro da família.
O Soldado Amarelo
Procurando uma égua fugida, Fabiano meteu-se por uma vereda e teve o cabresto embaraçado na vegetação local. Facão em punho, começou a cortar as quipás e palmatórias que impediam o prosseguimento da busca. Nesse momento, depara-se com o soldado amarelo que o humilhara um ano atrás _ . O cruzar de olhos e o reconhecimento durou fração de segundos. O suficiente para que Fabiano esfolasse o inimigo. O soldado claramente tremia de medo. Também reconhecera o desafeto antigo e pressentia o perigo.
Fabiano irritou-se com a cena. O outro era um nadica. Poderia matá-lo com as mãos, sem armas, se quisesse. A fragilidade do outro aos poucos foi aplacando a raiva de Fabiano. Ponderou que ele mesmo poderia ter evitado a noite na cadeia se não tivesse xingado a mãe do amarelo. No meio daquela paisagem isolada e hostil, só os dois, e se ele pedisse passagem ao soldado? Aproximou-se do outro pensando que já tinha sido mais valente, mais ousado. Na verdade, na fração de segundo interminável Fabiano ia descobrindo-se amedrontado. Se ele era um homem de bem, para que arruinar a sua vida matando uma autoridade? Guardaria forças para inimigo maior.
Sentindo o inimigo acovardado, o soldado ganhou força. Avançou firme e perguntou o caminho. Fabiano tirou o chapéu numa reverência e ainda ensinou o caminho ao amarelo.
O Mundo Coberto de Penas
A invasão daquele bando de aves denunciava a chegada da seca. Roubavam a água do gado, matariam bois e cabras. Sinha Vitória inquietou-se. Fabiano quis ignorar, mas não pôde; a mulher tinha razão. Caminhou até o bebedouro, onde as aves confirmavam o anúncio da seca. Eram muitas. Um tiro de espingarda eliminou cinco, seis delas, mas eram muitas. Fabiano tinha certeza, agora, de uma nova peregrinação, uma nova fuga.
Era só desgraça atrás de desgraça. Sempre fugido, sempre pequeno. Fabiano não se conformava, pensava com raiva no soldado amarelo, achava-se um covarde, um fraco. Irado, matou mais e mais aves. Serviriam de comida, mas até quando ? Quem sabe a seca não chegasse...Era sempre uma esperança. Mas o céu escuro de arribações só confirmava a triste situação _ . Elas cobriam o mundo de penas, matando o gado, tocando a ele e à família dali, quem sabe comendo-os.
Recolheu os cadáveres das aves e sentiu uma confusão de imagens em sua cabeça. Aquele lugar não era bom de se viver. Lembrou-se de Baleia, tentou se convencer de que não fizera errado em matá-la, pensou de novo na família e no que as arribações representavam. Sim, era necessário ir embora daquele lugar maldito. Sinha Vitória era inteligente, saberia entender a urgência dos fatos.
Fuga
O céu muito azul, as últimas arribações e os animais em estado de miséria indicavam a Fabiano que a permanência naquela fazenda estava esgotada. Chegou um ponto em que, dos animais, só sobrou um bezerro, que foi morto para servir de comida na viagem que se faria no dia seguinte.
Partiram de madrugada, abandonando tudo como encontraram. O caminho era o do sul. O grupo era o mesmo que errava como das outras vezes. Fabiano, no fundo, não queria partir, mas as circunstâncias convenciam-no da necessidade.
A vermelhidão do céu, o azul que viria depois assustavam Fabiano _ . Baleia era uma imagem constante em seus confusos pensamentos. Sinha Vitória também fraquejava. Queria, precisava falar _ . Aproximou-se do marido e disse coisas desconexas, que foram respondidas no mesmo nível de atrapalhação.

Na verdade, ele gostou que ela tivesse puxado conversa. Ela tentou animar o marido, quem sabe a vida fosse melhor, longe dali, com uma nova ocupação para ele. Marido e mulher elogiam-se mutuamente; ele é forte, agüenta caminhar léguas, ela, tem pernas grossas e nádegas volumosas, agüenta também. A cidade, talvez, fosse melhor. Até uma cama poderiam arranjar. Por que haveriam de viver sempre como bichos fugidos _ ?
Os meninos, longe, despertavam especulações ao casal. O que seriam quando crescessem? Sinha Vitória não queria que fossem vaqueiros. O cansaço ia chegando à medida que avançava a caminhada, e assim houve uma parada para descanso. Novamente marido e mulher conversavam, fazendo planos, temendo o mau agouro das aves que voavam no céu.
Sinha Vitória acordou os pequenos, que dormiam, e seguiu-se viagem. Fabiano ainda admirou a vitalidade da mulher. Era forte mesmo! Assim, a cada passo arrastado do grupo um mundo de novas perspectivas ia sendo criado. Sinha Vitória falava e estimulava Fabiano. Sim, deveria haveria uma nova terra, cheia de oportunidades, distante do sertão a formar homens brutos e fortes como eles.
ESTUDO DOS PERSONAGENS
Baleia - cadela da família, tratado como gente, muito querido pelas crianças.
Sinhá Vitória - mulher de Fabiano, sofrida, mãe de 2 filhos, lutadora e inconformada com a miséria em que vivem, trabalha muito na vida.
Fabiano - nordestino pobre, ignorante que desesperadamente procura trabalho, bebe muito e perde dinheiro no jogo.
Filhos - crianças pobres sofridas e que não tem noção da própria miséria que vivem.
Patrão - contratou Fabiano para trabalhar em sua fazenda, era desonesto e explorava os empregados.
Outros personagens: o soldado, seu Inácio (dono do bar).
ANÁLISE DAS IDÉIAS
Comentário Crítico:
Esse livro retrata fielmente a realidade brasileira não só da época em que o livro foi escrito, mas como nos dias de hoje tais como injustiça social, miséria, fome, desigualdade, seca, o que nos remete a idéia de que o homem se animalizou sob condições sub-humanas de sobrevivência.
                                                                                                                                                                       

A vida de Graciliano Ramos

Graciliano Ramos nasceu em Quebrangulo, em 27 de outubro de 1892. Um dos 15 filhos de uma família de classe média do sertão nordestino, ele viveu os primeiros anos em diversas cidades do Nordeste brasileiro. Terminando o segundo grau em Maceió, seguiu para o Rio de Janeiro, onde passou um tempo trabalhando como jornalista. Voltou para o Nordeste em setembro de 1915, fixando-se junto ao pai, que era comerciante em Palmeira dos Índios, Alagoas. Neste mesmo ano casou-se com Maria Augusta de Barros, que morreu em 1920, deixando-lhe quatro filhos                                                                          
Foi eleito prefeito de Palmeira dos Índios em 1927, tomando posse no ano seguinte. Ficou no cargo por dois anos, renunciando a 10 de abril de 1930. Segundo uma das auto-descrições, "(...) Quando prefeito de uma cidade do interior, soltava os presos para construírem estradas." Os relatórios da prefeitura que escreveu nesse período chamaram a atenção de Augusto Frederico Schmidt, editor carioca que o animou a publicar Caetés (1933).
Entre 1930 e 1936 viveu em Maceió, trabalhando como diretor da Imprensa Oficial, professor e diretor da Instrução Pública do estado. Em 1934 havia publicado São Bernardo, e quando se preparava para publicar o próximo livro, foi preso em decorrência do pânico insuflado por Getúlio Vargas após a Intentona Comunista de 1935. Com ajuda de amigos, entre os quais José Lins do Rego, consegue publicar Angústia (1936), considerada por muitos críticos como sua melhor obra.
Em 1938 publicou Vidas Secas. Em seguida estabeleceu-se no Rio de Janeiro, como inspetor federal de ensino. Em 1945 ingressou no antigo Partido Comunista do Brasil - PCB (que nos anos sessenta dividiu-se em Partido Comunista Brasileiro - PCB - e Partido Comunista do Brasil - PCdoB), de orientação soviética e sob o comando de Luís Carlos Prestes; nos anos seguintes, realizaria algumas viagens a países europeus com a segunda esposa, Heloísa Medeiros Ramos, retratadas no livro Viagem (1954). Ainda em 1945, publicou Infância, relato autobiográfico.
                                                         

O filme



Recomendo a todos esse filme,pois trata de um assunto muito importante pra ser relatado que é a vida no sertão Nordestino.